quarta-feira, 1 de agosto de 2007

Homenagem à Antonioni e Bergman!


A primeira vez que vi Blow-up (1966), do cineasta neo-realista italiano Michelangelo Antonioni, pensei: acho que não entendi nada. Será que foi isso mesmo o que ele quis dizer? Mas o filme tinha algo de absolutamente interessante. Longas seqüências, o que pode causar um certo tédio, e pouquíssimos diálogos. Fui atrás de explicações. Depois de umas aqui, outras ali e o filme visto mais uma vez certo tempo depois, já com outro olhar sobre o cinema, sim, já estava gostando demais dele.


O filme, baseado livremente no conto “As Babas do Diabo”, do argentino Julio Cortazar, conta a história de um fotógrafo "vazio" de moda da década de 60 que, sem querer, se vê envolvido em um caso de assassinato após fotografar uma mulher beijando um adolescente em um parque. Ao longo de toda a trama, Antonioni questiona a veracidade de uma imagem. Existe muito exibicionismo e erotismo, tendo sido dele a primeira cena de nu frontal feminina em um filme não-erótico, feito para o grande público.

Retomar Blow-up no dia de hoje tem um porquê especial. Aos 94 anos, Michelangelo Anotinioni, cineasta da angústia social e incomunicabilidade, morreu na noite de segunda-feira, 30 de julho, em Roma. Foram mais de 20 filmes, recebeu prêmios em Veneza, Cannes e Hollywood. Na década de 80, sofreu um derrame cerebral, o deixando praticamente imóvel e privado da fala, o que não o privou de continuar “fazendo” cinema. Em 1995, co-dirigiu, com Win Wenders, “Além das nuvens”, baseado em contos de sua própria autoria. Nos últimos anos retornou à direção, ajudado por sua esposa, para realizar dois filmes: um documentário sobre a restauração do Moisés de Michelangelo, em 2004, e com um episódio do filme "Eros", apresentado no Festival de Veneza, neste mesmo ano.

Mas na segunda, além de Antonioni, aliás, um pouco antes dele, também morreu o cineasta sueco Ingmar Bergman, aos 89 anos. Cineasta especialista em primeiro plano e no questionamento sobre Deus, a existência e a morte. Um filme que me lembro bem dele - uma vergonha pois foram mais de 50 realizados por ele - é “Monika e o Desejo”, um filme sobre a juventude e suas inconseqüências, de enorme realismo e até mesmo, de uma certa crueldade, ao retratar o desgaste de um relacionamento amoroso. Outro é “Morangos Silvestres” (1957), uma película “existencial”, que explora realidade e elementos oníricos, misturando passado, presente e imaginação acompanhando as memórias de um médico cheio de angústias.


Bergman, ganhou, merecidamente, inúmeros prêmios em Hollywood, Cannes, Veneza e Berlim. Entre os mais conhecidos estão Fanny e Alexander (1982), O ovo da serpente (1977), Face a face (1976), Gritos e Sussuros (1972), Quando duas mulheres pecam (1966) e o Sétimo Selo (1956), entre muitos outros.

Vale a pena “revê-los”! Para mim, vale muito a pena buscar todos os ainda não assistidos.

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