terça-feira, 23 de outubro de 2007

Obrigada, Senhor!

Post atípico hoje.
(me perdoem, preciso desabafar).

Estava eu ontem, quase me preparando para sair do escritório, quando me passam uma ligação. Até falei, antes mesmo de atendê-la - acho que já ativando o meu sexto sentido: a Camilla não está!, brincando, claro, mas a ligação, obviamente, foi passada.
- Camilla, você é responsável pelo cliente X.
- Sim, o que precisa?
- Então – mascando chiclete com a boca aberta, fazendo aquele barulho irritante - preciso que me dêem uma entrevista amanhã sobre o assunto Zanski. Aliás, que projeto é esse?
Eu pensando comigo mesma: como assim que projeto é esse???? O cara pede entrevista sobre o assunto e não sabe nem sobre o que é?!?!?!?
Respirei fundo e expliquei detalhadamente como funciona, os envolvidos, os beneficiados e por aí vai.
- Você pode me mandar por e-mail isso?
- Claro! – sendo super prestativa.
- Você tem contatos dos beneficiados?
- Sim, te mando em anexo no e-mail, e você pode entrar em contato diretamente com eles enquanto eu vejo se o fulano de tal pode te dar entrevista amanhã, mas, como você me ligou muito tarde, não posso lhe garantir que ele atenderá a sua pauta. Assim que tiver uma resposta dele, eu te ligo de volta, ok?!
- Fechado!
Desliguei o telefone, montei um e-mail anexando tudo o que ele tinha pedido e mandei um simpático: Qualquer dúvida, me ligue (ah, se arrependimento matasse!).
5 minutos depois, me repassam uma ligação.
- Camilla?
- Eu!
- É o fulano de tal, será que você não poderia me passar pelo menos os telefones dos beneficiados.
- Mas eu já te passei tudo direitinho, já olhou seu e-mail depois que falou comigo?
- Hum, ainda não, vou dar uma olhada então.
Tsc Tsc Tsc. Assim fica difícil.
E o telefone toca novamente.
- Camilla?
- Oi, fulano! – já respirando bem fundo.
- Você já tem alguma resposta?
- Fulano, só passaram 15 minutos do momento que você me ligou pela primeira vez e fez essa solicitação. Avisei que estava tarde, mas já deixei um recado no celular da pessoa que pode atender essa pauta. Agora precisamos esperar, pode ficar tranqüilo, EU te dou retorno.
- Hum – um exagerado bocejo que quase me fez desligar na cara dele – me diz uma coisa, cadê os contatos dos beneficiados? Isso não chegou para mim.
- Olha fulano, você pode dar uma olhada no e-mail que te mandei? Mandei em anexo dois arquivos, um deles tem o contato de todos, com telefone, endereço, cep, valor do benefício....
- Ah, olha só, não é que veio mesmo, mulher?
(ãhn???? Agora virou meu melhor amigo!)
- Pois então, quando eu tiver resposta do porta-voz, EU te ligo.
5 minutos depois, estava eu procurando uma informação para um colega de trabalho que está viajando com outro cliente, e o telefone toca.
Já estou sozinha no escritório, falando na outra linha com o coleguinha, não deu tempo de puxar a ligação. Mas não teve problema, o fulano ligou no meu celular na seqüência.
- Camilla?
- Oi...
- Então, já tem resposta?
- Não.
- Hum.
- Mais alguma coisa, fulano?
- Hum...
- (respiro profundamente)
- Sabe, esses beneficiados que me mandou, sabe? (-como não saberia????!!!!) – São acessíveis?
- Sim, já deram muitas outras entrevistas.
- Será que você não poderia ligar para eles para saber se eles podem dar entrevista para nós? – mascando insistentemente aquela p. daquele chiclete.
- Olha, fulano, esses contatos devem ser feitos por vocês, uma vez que eles têm total autonomia para atender ou não as solicitações. Caso você TENTE e não dê certo, de jeito nenhum, me avise que tentamos ajudar com o que for possível.
Desligo meu computador, arrumo minhas coisas, vou ao banheiro. Desço.
Esperando meu carro toca meu celular. Número Privado. Atendo já bem sabendo quem é.
- E aí, Camilla, tudo certinho?
- (eu, sem o menor esboço de emoção) Sim.
- Resposta?
- Não.
- Vai ter uma logo?
- Não sei.
- Como assim?
- Como já disse, não depende mais de mim.
- Hum, sabe o que é, ele não mora em São Paulo, né?
- Oi?
- Procurei por ele na lista telefônica e nada.
- Fulano, já entrei em contato com ele e já falei que assim que conseguir qualquer resposta, seja positiva ou negativa, EU ligo para você assim que desligar com ele.
- Hum, você entende que eu preciso dessa resposta, né?!
- Sim, e você entende que eu não tenho como lhe dar uma resposta sem que ele me retorne, né?
- Sei, sei, mas eu preciso de uma resposta.
- Eu sei, mas, infelizmente, não tenho nenhuma ainda. Obrigada.
Desliguei. Respirei fundo e coloquei uma música bem alta.
Enquanto falava com meu namorado, 3 ligações Privadas perdidas e uma de um outro número qualquer.
Desligo com ele e toca novamente daquele mesmo número qualquer.
- Camilla?
- Oi.
- E aí?
- Olha fulano, acho que talvez eu não esteja me expressando bem, pois essa já é a quinta ou sexta ligação que eu digo a mesma coisa para você, mas, mesmo assim, você continua insistindo com a mesma pergunta. Acho que talvez seja um problema de comunicação meu. Não, ainda não tenho resposta, uma vez que se já a tivesse, certamente você também a teria.
- Então, é que eu preciso dela.
- Ahãn.
- É que é meu trabalho deixar a pauta de amanhã pronta.
- Também é o meu te dar um retorno.
- Então?
- Então, até amanhã. Muito obrigada.
Sim, ele já me ligou hoje. E adivinhem? Eu ainda não tenho resposta.

Obrigada Senhor, por me ajudar a ser um pouco mais tolerante nessa vida.
Prometo que serei uma boa menina e não jogarei uma bomba de bosta atômica na cabeça dele nas próximas horas, uma vez que, mesmo sendo retardado desse jeito, ele pode ter família e pessoas que podem sentir a falta dele (duvido, mas continuo nas prestações do financiamento do meu pedacinho no céu, então...).
Amém.

5 comentários:

Vívian Soares disse...

Eu voto na bomba de bosta atômica. Ou então em férias urgentes. Qualquer uma das duas resolve que é uma beleza...rs...

Letícia Volponi disse...

Caraca, to mijando de rir e olha que isso no caso de uma grávida é coisa séria. A bomba de bosta atômica foi simplesmente genial...

Amiga, reza comigo: Senhor, dai-me paciência porque se me deres força eu juro que mato o infeliz!

Unknown disse...

Ótemo!!! Ahhh se essa bomba de bosta atômica fosse acessível...rs

Ricardo S., o incorrigível disse...

Babe, é pra isso que os incautos nos rodeiam: pra você escrever textos deliciosos como este... Ah, eu precisava rir desse jeito! Beijos 1000!

Denise Freitas disse...

"Eu vou bater?? Nãaaao, eu vou escrarecer", rsrsrs.

Muito boa amiga. Dá pra escrever um livro de causos dessa nossa vidinha estressante.

bjão,